"as pessoas morrem nunca partem de nós, eu separei-te de mim, cortei-te-me. em cinemas imaginários filmados por mãos iluminadas usei teu corpo. coloquei o deserto do teu coração rente à minha boca. lavaram-me o desespero as lágrimas que choravas no escuro. parti-te. estou a fazer-te luto. desejei-te tanto. discuti-te tanto contigo. agora percebo que te atirei demais contra tantos poemas. agora encontramo-nos. eu tenho de colar-te os restos para conseguir ver-te para além do que trago molhado nos olhos, acabou o passeio no meu jardim interior, pleno de estátuas quebradas, as noites acabo sempre assim, abraçado ao rosto restos da pedra, agradecendo-lhe as imagens."
Pedro Sena-Lino
Pedro Sena-Lino
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