Finalmente de férias, ou melhor, finalmente de fim de semana, o MEU fim de semana. Já precisava...
Comecei há quase 3 meses (finais de Novembro) na faculdade uma série de testes (com um trabalho de grupo pelo meio), seguidos dos exames de Janeiro e finalmente os (temidos) exames orais que terminaram no dia 10 do presente mês. Tudo isto associado com a vida do dia-a-dia que já seria suficiente para me esgotar, tantas foram as situações que resolvi, tentei resolver ou simplesmente cedi derrotado. E foram tantas...
Após os testes, apesar de não ser excelente, o panorama não era mau: Em 5 cadeiras consegui 3 notas de avaliação contínua. Isto levava-me a pensar que, apesar de não ser fácil, estava ao meu alcance chegar às almejadas notas e fazer o mínimo de orais possíveis, pois o desgaste a que estamos sujeitos nas mesmas é... quem as fez e as faz, sabe do que falo. Posto isto, e após um atribulado Natal, iniciei a época de exames, sempre acompanhado de uma série de problemas paralelos à minha vida académica que procurava resolver com a maior celeridade possível e que invariavelmente acabavam por me ocupar o pensamento. Exames a 5, a 10, a 13, a 18 e a 21. Comecei pela cadeira mais complicada à partida, a temida cadeira de Direito Internacional Privado (DIP), cadeira essa que durante as aulas apareciam colegas que não conhecíamos de lado nenhum (sim, esses que tinham apenas essa cadeira em atraso, a maioria (apenas) precisava da mesma para terminar o curso!) e na qual tive bastantes dificuldades (e tenho!) para apreender a matéria (ai o reenvio!), tendo ficado desde logo convicto que o máximo que podia aspirar era tirar nota 7 para uma ida a oral (não levava avaliação contínua: eu e mais uns 500!). Seguiu-se a cadeira de Contencioso Administrativo e Tributário (CAT), cadeira onde consegui a minha nota de avaliação contínua mais elevada desde que estou na Faculdade de Direito, um 15, que muito aumentava a minha responsabilidade. O exame correu-me pessimamente e apesar de ter ficado com a ideia que podia chegar a um 10, sabia que seria difícil e que teria acabado de enviar uma excelente nota de avaliação contínua para o lixo, com consequente ida a oral e rotulado com a nota que havia tido, que é sempre mau e explorado pelos avaliadores. Seguiu-se Direito Processual Penal (DPP), cadeira que pensava que conseguiria fazer relativamente bem em avaliação contínua, mas que assim não sucedeu, muito por minha culpa. Ia em busca de um 7 para poder aceder ao exame oral e foi 7 que tive, fruto de não ter terminado o exame. Sou da opinião que o que vale é o que demonstramos em oral, pelo que não me faz diferença absolutamente nenhuma ir com 7, sendo muitas vezes melhor do que ir com notas superiores (a "doutrina", leia-se os colegas, divide-se quanto a este ponto). E vão 3, pelo que se seguiu Direito do Trabalho (DT), cadeira que fiz de forma tranquila em contínua (teve as suas dificuldades mas...) e cujo exame também correu mal mas, pensei que talvez desse para me safar sem ir a oral. Finalmente a 21 iria ter Direito Fiscal (DF). Ora, desde que iniciei a faculdade, as cadeiras económicas foi as que mais facilmente "arrumei" e havia algo que me dizia que iria ser assim desta vez também, até porque era uma das cadeiras em que levava nota de avaliação contínua. Recordo-me que estava na sala de estudo da FDL a estudar quando "levei" com´a notícia da nota do exame de Direito do Trabalho (um 7, que mandava para o lixo a nota de contínua, impedindo-me assim de dispensar a cadeira sem exame oral), que juntamente com os tais problemas paralelos que falei, cairam que nem uma bomba na minha cabeça. Fiquei de tal maneira desorientado que olhava para as 1001 folhas que tinha em cima da mesa e não sabia onde me agarrar. Foi de tal maneira perceptível que o LS (colega e amigo que estava comigo) se apercebeu e me deu a força (e tranquilidade possível na altura) para continuar. O exame correu muito mal , apesar de ter uma esperança... Pois bem, o panorama estava negro e assim continuou: DIP ficou para Julho (o tal reenvio funcionou, reenviou-me para a casa de partida sem ir a oral), DPP consegui nota de oral, em CAT desgracei o meu 15, não dispensei e tinha de ir a oral, DT mandei fora a avaliação contínua e tinha de ir a oral e finalmente a última nota que saiu (já em período de orais) foi DF, onde consegui dispensar a cadeira. Mais uma vez as económicas comprovaram a minha apetência (apesar de não serem as minhas preferidas) para a área e foi a primeira e única cadeira que consegui dispensar. Como diria o Nilton "Bela m..."!!! Pois bem, a primeira conclusão que se retira é que fazer exames com a cabeça feita (desfeita) em porcaria com problemas dá muito mau resultado e pode arruinar um semestre (porque não dizer um ano) e aqui estava eu com uma cadeira feita, outra para fazer em Julho e mais três (3!!!) para fazer em exames orais, com natural prejuízo da minha cabeça, do meu descanso, do meu tempo e do meu trabalho, de onde teria de me ausentar (com férias e dias ao abrigo do estatuto de trabalhador-estudante) e onde o trabalho iria acumular, isto apesar de contar com a ajuda dos meus colegas nas coisas correntes (se bem que às vezes lá oiço uma boquinha ou outra do género "estás sempre de férias" e "tenho de ir estudar também", que, apesar de serem ditas num teor de brincadeira (assim espero), não deixam de nos dar uma "ferradela"). Assim, fiz o último exame dia 21 (6.ª feira) e já tinha oral de DT marcada para 2.ª feira. Vesti o fatinho e lá fui eu para a FDL. Estudo até à última e lá entrei para a sala onde se encontrava o jurí, composto pelo meu professor das aulas práticas e por uma assistente que desconhecia. Perguntou-me se queria começar por alguma matéria em especial (nem todos o fazem) ao que eu respondi que deixava ao critério do Sr. Professor (tenho esta "mania", apesar de já ter havido excepções), tendo este respondido: "sabe que isso pode ser uma lotaria?!" (não deixa de ter a sua razão, uma vez que, só os livros da regência têm cada um cerca de 900 folhas!!!) Ao que eu respondi de imediato com grande calma: "alea jacta est" (os dados estão lançados). Ousadia da minha parte mas também uma forma de descomprimir, tendo recebido de volta um sorriso do Professor (e assistente que o acompanhava), tendo ele perguntado se havia sido o Asterix que o havia dito (bem sabendo ele o significado, mas como que querendo tirar a "carga" nervosa que poderia pender sobre mim). Correu bem... Fiz a cadeira.Nesta altura do "campeonato" passaram a faltar 12 cadeiras para o fim do curso (ainda não tinha saído a nota do exame de Fiscal). Seguiu-se a oral de CAT, a qual preparei bem teóricamente mas que, vim a saber que o regente não estaria a fazer orais mas sim os seus assistentes, que fazem as orais bem mais práticas e processuais, sendo que este facto poderá fazer toda a diferença. Fui o último a fazer a oral nesse dia e todos se queixavam que haviam sido massacrados (optei por não assistir às orais), assim e apesar de convicto que iria fazer esta cadeira (mais não fosse em Julho) porque havia estudado bastante, lá entrei para a sala e também fui massacrado. Acho que começaram a oral com um nível de exigência muito alto, talvez devido à minha nota de avaliação contínua, e fui apertado. A "maratona" acabou às 22.35h e saldou-se por um 13, apesar de considerar que a oral me podia ter corrido melhor, foi uma nota muito boa (ao contrário de outras áreas de estudo, em Direito as notas por norma não são altas, pelo que um 13 é uma nota muito boa). A nota de DF já havia saído pelo que faltavam nesta altura 10 cadeiras para o fim do curso, no fundo iniciei neste ponto o meu ano académico (OMG!). Restava Processo Penal (DPP), área na qual me sinto um pouco à vontade e onde tinha ainda algum tempo de estudo, pelo que comecei a fazê-lo para fazer uma boa oral. O cansaço e tudo o resto fez com que o estudo não resultasse tão eficaz quanto o que havia efectudado para as outras cadeiras, no entanto sentia-me preparado e verdade seja dita, já fazia contas como tendo essa cadeira feita. Cheguei ao dia e a coisa já não estava assim tão certa, até porque não fiz o meu estudo muito prático (mais uma vez). Eram 13 pessoas (uma já havia feito e outra era para melhoria). O jurí era composto por dois mestres, a minha assistente de Direito Penal do 3.º ano e o meu actual assistente de DPP, considerando ambos excelentes docentes, ao nível dos melhores que tive na FDL, pessoas justas mas também muito exigentes, e foram implacáveis. Fui "trucidado" e tive dúvidas se seria possível passar a esta cadeira. Quem diria, eu que já nem contava com ela estava agora a fazer contas de cabeça. Ora, o jurí reuniu-se e, em 11 pessoas (a oral de melhoria não subiu) safaram-se 3 (uma carnificina!!!), sendo que um desses 3 teve oral negativa mas como tinha nota de exame superior safou-se e eu... Eu tive um magnífico 10 de oral! 10 de oral, 10 final! Foi daquelas cadeiras tiradas a ferros e em que o 10 tem um valor bem superior do que aquele que efectivamente tem. Um colega e amigo que é dos melhores alunos da Faculdade de Direito (que inclusivamente já tem um artigo de opinião no jornal "Expresso") deu-me os parabéns e disse-me que as orais de DPP em nada ficam atrás das de DIP, pelo que devia estar contente. E estou! Apesar de todas as dificuldades, já "só" faltam 9 cadeiras para o final do curso...
Agora resta-me aproveitar estas férias, ou melhor, este fim de semana para descansar, pois para a semana recomeço as aulas com novas batalhas... Em frente!!!