quinta-feira, 17 de maio de 2012

Uma história no Parlamento, por Daniel Oliveira

Espero que gostem tanto como eu. Não gosto muito de falar de política algures, quer porque não tenho tempo para responder/debater/discutir, quer porque a via escrita não será a melhor para explanar ideias e pontos de vista. Leiam e penso que irão gostar tanto como eu. Aqueles que se ofendem com o vernáculo, podem ficar por aqui na sua leitura, perdendo no entanto algo de interessante. Cá vai... 

"Não… Não é sobre o OE que falo hoje. Aliás, ainda não dissertei se quer pelo assunto. Estou a adiar, tal como o nosso governo adia as decisões, as minhas também são adiadas. Esta é uma história (verídica por sinal), que se passou nos últimos dias no Parlamento, relatadas por Daniel Oliveira, colunista do Expresso (bem mais credível que nós).

Citando:

Um episódio está a aquecer o Parlamento. Nada tem a ver com os deputados. A semana passada um colaborador do grupo parlamentar do PSD foi apanhado em flagrante delito, às sete da manhã, em pleno acto com uma amiga que não trabalha na Assembleia. A coisa pode parecer apenas interessante contada assim. Mas é muito mais do que isso. O acto aconteceu na sala do plenário. Infelizmente, a interrupção não terá permitido ao arrojado casal levar a fantasia até ao fim. Há sempre um empata.

Antes que a coisa saia na imprensa e comecem as condenações morais, quero deixar clara a minha admiração pelos pecadores. Porque respeito quem faz tudo para cumprir uma fantasia. Porque deram um contributo para a dessacralização do poder, aproximando assim aquele órgão de soberania das verdadeiras preocupações dos cidadãos. E porque, por uma vez, aconteceu qualquer coisa realmente interessante naquela sala (infelizmente não consegui saber qual foi a bancada escolhida). Só lamento que, como de costume, quando realmente alguma coisa de construtiva começa ali a ser feita, seja deixada a meio. O meu abraço aos dois. Próxima aventura: Palácio de Belém?

Parabéns ao intrépido casal porque:

a) Por uma vez que seja, a AR foi verdadeira e matematicamente paritária;

b) Demonstrou cabalmente que neste País a política é fodida. E que de deputado a de putedo pode ir, literalmente, um pintelho, pese embora não ter sido esse aparentemente o elenco desta (des)feita;

c) Às sete da matina já exibiam um ritmo e um grau de actividade que os mais dos deputados habitualmente nem às sete da tarde atingem;

d) Demonstraram que poder é bom enquanto dura, mas há que saber sair de cima quando o tempo de outrem sobrevém ao nosso;

e) Depois de lhes reprovarem o acto na generalidade, tiveram a decência e o bom-senso de passar à especialidade em sede mais recatada;

f) Forneceram o exemplo acabado de como, em Democracia, quaisquer coitados podem aceder sem restrições ao órgão máximo da representação popular (Coito dos Santos novamente na Educação, já!);

g) Demonstraram ainda, para gáudio de uns e vexame de outros, que naquela vetusta sala continua a haver quem use mudar de posição conforme as conveniências do momento.

Tenho dito. "

2 comentários:

AC disse...

Muito boa esta crónica.Comentários assertivos, utilizando sabiamente as metáforas, é caso para dizer que a politica é fodida.

Algures disse...

Atenciosa,

Exactamente o que achei!É e de que maneira!