domingo, 13 de junho de 2010

Expectativas... e dúvidas...

Não raras vezes dizem-me ou oiço amigos, familiares ou colegas relativamente a compras ou expectativas a pensarem mais alto, ou a subirem dois ou três degraus quando bastaria subir um ou até mesmo não ser necessário fazê-lo... A propósito de um automóvel: "Vais comprar esse carro?", "mas isso é um dois lugares" ou "mas esse é muito pequeno", "compra antes um pequeno familiar, assim quando tiveres alguém..."... A propósito de um apartamento: "Um T1?, mas isso só tem um quarto...", "compra antes um T2 ou T3, porque quando dás por ela já tens um filho"...
Será que vale mesmo a pena pensarmos assim? Será que me é benéfico ter um T3 com base numa expectativa? Assim como um automóvel... Será que devo comprar um automóvel a pensar no que aí vem, sem saber mesmo se virá, ou com uma expectativa que a minha vida vai melhorar. Devo comprar um automóvel a gasóleo em detrimento de um gasolina quando só faço meia dúzia de quilómetros por dia? Será que vale a pena o dinheiro extra que se gasta? Sim, preferia ter um Golf ou um BMW série 1, mas a verdade é que vivo sozinho e desloco-me todos os dias em Lisboa e arredores, não me bastará um Smart ou um IQ? Será que devo subir o meu "nível de vida" com base num pensamento que em breve poderei progredir a nível profissional?  Devemos pensar em nós e no que tem sido a nossa vida, ou nos que poderão vir a entrar nela e no que poderá mudar com isso? Não será mais fácil irmos pensando as coisas passo a passo, objectivo a objectivo, sem criar muitas expectativas e vivendo com base no presente e não no futuro? Sim, podemos pensar um pouco além e sim até podemos subir mais um ou dois degraus, mas para isso tem de haver algo mais forte que nos leve a pensar assim e o que se observa, é que muitas vezes as pessoas fazem-no apenas porque sim... Por exemplo, podemos comprar uma peça de roupa para criança um tamanho acima, para que dessa forma possa ser usada hoje e "amanhã", para que dure e tenha uso. Faço isso com os meus sobrinhos. Obviamente que não é comprar as coisas para que fiquem uns "pintos calçudos", mas a isso chama-se racionalidade. A meu ver, hoje em dia há muita gente a viver acima das suas possibilidades, a pensar no que poderá vir a ser e não no que existe e é... Nós até podemos ir mais além, e até poderemos ter condições para o fazer, mas se podemos ficar mais desafogados e menos com a "corda ao pescoço", vivendo com mais "qualidade", porque não pensar assim? A vida vive-se no presente apesar de podermos ter os nossos pensamentos no futuro... Hoje poderei ter um T1, amanhã quando tiver alguém e pensarmos numa vida em comum, é uma questão de o vender e "subir o degrau"... É assim que vejo as coisas, esteja eu certo, ou errado...

7 comentários:

MC disse...

Acho que vês bem!

Antigamente, por exemplo nas casas, podias pensar em termos de investimento... Mas também há a questão de uma coisa é tu escolheres o sitio para tu morares ou para vocês morarem...

Fazes bem...

açoriana disse...

Vejo as coisas pelo mesmo prisma - a vida vive-se no presente, num presente que se quer com sentido para nós, que nos presenteie com momentos de felicidade e satisfação...

Também quando era pequenina gostava de ir buscar os sapatos de salto alto e fazer de conta que era uma senhora crescida... mas na verdade os sapatos eram demasiado grandes para os meus pequenos pés... e não era neles que me sentia confortável e dava passos segura de mim!

A vida é assim mesmo... de olhos postos no futuro, é no dia-a-dia que vou crescendo gradualmente... até que os meus pés se sintam confortáveis nesses sapatos de salto alto...:-)

Fico feliz por voltar a ler-te!!

S* disse...

As pessoas devem viver de acordo com o que possuem... nunca querer mais do que podem comprar.

Anónimo disse...

Gostei de ler em palavras tantas coisas que também me passam pela cabeça... Mas tenho de acrescentar: a mim assusta-me não conseguir planear a minha vida. Assusta-me como o diabo não saber como vai ser daqui a um par de meses...

Algures disse...

No intervalo do estudo para um exame, aproveito para dar um olá às "caras novas" (e aos restantes) que vejo por aqui... São sempre bem vindos, pois sabe sempre bem receber visitas agradáveis Algures onde apenas eu sei... :-)
@Miguel, obrigado. Também considero que sim. Evidente que podemos fazer investimentos com os olhos no futuro e os imóveis eram um bom exemplo disso. A questão que pões, coloca-se numa fase em que há uma decisão de vida comum, aí já será uma decisão a ter mais tarde, até porque muitas vezes o casal poderá não querer ir para casa de um ou de outro...
Um abraço!

@Açoriana, agora sou eu que concordo contigo! A vida é para ser vivida no presente, com os olhos no futuro... Não podemos perder muito tempo a olhar para o passado, nem olhar demasiado para o futuro, sob pena de descurarmos o presente. A vida vive-se hoje e agora, pois amanhã poderá ser tarde demais... Soa a frase feita, mas não deixa de ser verdade...
Eu também fico feliz por voltar a ler quem gosta de aqui voltar e quem partilha as suas opiniões... É bom voltar a escrever também...

@S*, exactamente! Mas cada vez mais, acho que vivemos numa sociedade de consumo em que parece que tudo vale, e as pessoas vão-se enterrando, enterrando, enterrando... Quantas vidas de fachada não conhecemos nós no nosso dia-a-dia? Cada um sabe de si, apesar de achar que todos nós temos direito à nossa extravagância de quando em quando, o que não significa que nos percamos... Sim, devemos viver de acordo com os parâmetros que podemos alcançar... :-))

@A., acho que passam pela cabeça de todos nós nos dias de hoje. Todos nós desconhecemos o amanhã e se há coisa que o ser humano receia é o desconhecido. Devemos dar os nossos passos rumo ao futuro, mas acima de tudo tentar saber onde pisamos, para que esses passos nos transmitam segurança e a paz de espírito que necessitamos... :-))

Manuela Caeiro disse...

Gostei de te reencontrar, "Algures"... Gostei de te ler...
Eu até gostava de lançar aqui um contraditório qualquer, mas não consigo. Concordo que o futuro é o que for, logo se vê. E que agora é que importa ver de que precisamos, efectivamente; do que prescindimos; aquilo que pode ou não esperar, consoante as circunstâncias... A isto chama-se sensatez... Viver assim é estar apto a viver neste mundo cheio de incertezas e desafios... Parabéns!

Algures disse...

Obrigado Manuela. É sempre um prazer vê-la por aqui, até porque é a 1.ª leitora oficial (e não oficial) deste Blog. Sensatez...Uma palavra com "substância"... Estamos sempre a aprender nesta vida Manuela, todos os dias... Todos os dias... A vida faz-nos constantemente o "contraditório", assim há que aprender com os erros, vivendo com sensatez, racionalidade e... Humildade.
Um abraço!